Analistas do Goldman Sachs destacam motivos para queda das ações da Azul
January 22 2024 - 6:47AM
Newspaper
As ações da Azul tiveram recuperação na sexta-feira (19), com
alta de 3,88%, mas ainda caem 18,11% em 2024, a quarta maior baixa
do Ibovespa, que acumula queda de 4,88% no mesmo período. Em meio a
essa forte desvalorização, os analistas do Goldman Sachs destacaram
os motivos para tanto e reforçaram a recomendação de compra para o
nome. O banco tem preço-alvo de R$ 27,60 para o ativo, elevando em
R$ 26,60 em relação ao target anterior, o que corresponde a um
potencial de valorização de 111% frente o fechamento da
véspera.
“Em suma, continuamos a ver a Azul bem posicionada para se
beneficiar do aumento do poder de precificação no mercado doméstico
brasileiro num contexto de queda dos preços do combustível de
aviação ao longo de 2024”, apontam os analistas. Para o banco, a
queda pode ser atribuída, pelo menos parcialmente, ao desempenho
inferior do seu par Gol (BOV:GOLL4) em meio aos rumores da semana
passada sobre recuperação judicial. O Goldman ressalta que as ações
da Azul e da Gol têm forte correlação.
A difícil semana da Gol na Bolsa em busca de reestruturação e o
impacto em outras aéreas
Neste cenário, a equipe de análise do banco acredita que a Azul
(BOV:AZUL4) deverá entregar um lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em 2024 de
cerca de R$ 7 bilhões, bem acima do guidance recentemente divulgado
de cerca de R$ 6,3 bilhões (+11%) e do consenso de R$ 6,2 bilhões
(+13%). Esse Ebitda deve, por sua vez, levar a empresa a gerar FCF
(fluxo de caixa livre, na sigla em inglês) positivo este ano (o
Goldman modela cerca de R$ 500 milhões em FCF para 2024, após 4
anos de consumo significativo de caixa).
O banco vê um ambiente competitivo saudável e em melhoria.
“Atualmente, vemos o mercado doméstico brasileiro como um mercado
racional para as companhias aéreas, uma vez que as empresas se
concentram na reconstrução da lucratividade em vez de aumento da
capacidade. Além disso, no final de 2023, o crescimento da
capacidade desacelerou no mercado interno (como referência, a
capacidade do 4T23 ficou estável). Na nossa opinião, isto deverá
aumentar ainda mais o poder de fixação de preços das companhias
aéreas brasileiras, mesmo num contexto de flexibilização dos preços
dos combustíveis de aviação, conforme discutido abaixo”, afirmam os
analistas.
O banco espera que os preços do combustível de aviação caiam em
relação às máximas observadas alguns anos passados. Isso,
juntamente com o poder de preços, corrobora a visão do Goldman de
maior expansão das margens. Os analistas veem ainda que os preços
do petróleo permanecerão na faixa entre US$ 70-90 o barril (bbl)
para os próximos anos.
O Goldman também reforça que, em outubro de 2023, a Azul
concluiu a renegociação com seus arrendadores e demais
fornecedores, o que aliviou as preocupações relacionadas com a
liquidez da empresa. A Azul ainda encerrou o 3T23 com posição de
caixa (caixa e equivalentes + investimentos no curto prazo) de
cerca R$ 1,7 bilhão com pagamentos limitados de dívidas nos
próximos 12 meses (cerca de R$ 1,1 bilhão). O banco reforça a visão
de que o risco do balanço diminuiu significativamente
pós-reestruturação aliada a um ambiente de mercado saudável.
O valuation de Azul, na avaliação do Goldman, continua atrativo,
sendo significativamente abaixo dos níveis anteriores à pandemia e
do passado recente, levando o banco a acreditar que o mercado não
leva plenamente em conta a sua percepção de uma perspectiva
melhorada para o empresa.
Em relatório, o BTG Pactual também citou alguns motivos para a
forte queda recente da Azul. São eles, um aumento acentuado na taxa
de juros de longo prazo dos EUA, que estimula a aversão ao risco em
todo o mundo, levando a maioria das ações de companhias aéreas
globais sob nossa cobertura a ter um desempenho inferior
recentemente; problemas contínuos de fornecimento com as
fabricantes de aeronaves, já que a paralização dos Boeing 737-MAX 9
pressiona o fornecimento de novas aeronaves – embora observemos que
a Azul não opera os modelos da Boeing; maior instabilidade nos
preços do petróleo, que, embora estejam lateralizados, têm mostrado
mais volatilidade nos últimos dias com notícias sobre tensões
crescentes no Oriente Médio; e questões de mercado, já que um short
squeeze nas ações da Gol (BOV:GOLL4) fez com que investidores de
pair trade desmontassem suas posições na Azul, levando a um ajuste
de preços.
Porém, o banco acredita que os fundamentos do setor favorecem a
empresa, como evidenciado pelo desempenho das ações da Latam desde
as notícias iniciais do pedido de recuperação judicial da Gol no
Chapter 11.
“Não concordamos com a visão de que o Chapter 11 removeria a
pressão sobre a Gol para negociar com os lessores ou adiar o
redimensionamento de sua capacidade, já que a transportadora de
baixo custo já reportou menor ASK (oferta total) em dezembro, o que
acreditamos estar relacionado ao atraso nas entregas da Boeing.
Vemos o redimensionamento da capacidade apoiando a racionalidade de
preços na indústria aérea (lembre-se do pedido de recuperação
judicial da Avianca em 2019)”, com Latam e Azul devendo
naturalmente capturar a ausência de capacidade da Gol, segundo os
analistas.
A Latam tem a maior sobreposição de rotas com a Gol,
especialmente nos hubs mais movimentados como Congonhas, Santos
Dumont e Brasília. “No entanto, acreditamos que a Gol deve
priorizar as rotas mais rentáveis, deixando os ajustes de
capacidade para rotas de menor densidade que se sobrepõem com a
Azul”, avalia.
O banco segue com recomendação neutra para AZUL4, com preço-alvo
de R$ 20 (upside de 53%), mas afirmou que está mais otimista com a
empresa, que negocia a um múltiplo barato, segundo os
analistas.
Informações Infomoney
AZUL PN (BOV:AZUL4)
Historical Stock Chart
From May 2024 to Jun 2024
AZUL PN (BOV:AZUL4)
Historical Stock Chart
From Jun 2023 to Jun 2024