A Cielo informou que BB Elo, controlada do Banco do Brasil, e
Quixaba, controlada do Bradesco, decidiram realizar, juntamente com
o Grupo Elopar, uma oferta pública unificada de aquisição (OPA) de
ações ordinárias da companhia, levando assim ao fechamento e
capital. BB e Bradesco são os acionistas controladores da
adquirente.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:CIEL3) nesta
segunda-feira (05).
A operação visa a conversão de registro de companhia aberta na
CVM, da categoria “A” para “B”. Os controladores também pedirão à
B3 a saída da empresa do Novo Mercado, o segmento de maiores
exigências em termos de governança corporativa do mercado
brasileiro.
A OPA será lançada pelos acionistas controladores, Elo
Participações, Alelo e Livelo, para aquisição de até a totalidade
de ações ordinárias de emissão da Cielo, exceto aquelas detidas
pelos próprios ofertantes, pessoas a eles vinculadas e as mantidas
em tesouraria. O preço ofertado para cada ação objeto da OPA será
de R$ 5,35, 6,4% acima do fechamento do papel nesta
segunda-feira.
A Elo Participações contratou o Bank of America Merrill Lynch
Banco Múltiplo S.A., na qualidade de empresa avaliadora
independente para elaborar o laudo de avaliação da companhia. A OPA
será intermediada pelo Bradesco BBI.
Em fato relevante, o BB informou que sua participação na
companhia poderá chegar a até 49,99% do capital, e o restante
ficará com o Bradesco.
VISÃO DO MERCADO
As companhias envolvidas estão entre as maiores altas do
Ibovespa na sessão desta terça-feira (6), com Bradesco subindo
4,10%, Banco do Brasil com alta de 0,65% e Cielo avançando 3,78%,
às 11h20 (horário de Brasília).
BTG Pactual
A proposta de deslistagem da Cielo faz muito sentido para os
controladores Bradesco e Banco do Brasil, especialmente para o
Bradesco, na avaliação do BTG Pactual. Isso porque o principal
concorrente do Bradesco, o Itaú, integrou seu braço adquirente, a
Rede, em sua recém-criada vertical voltada a pequenos e médios
negócios (PMEs), diz o banco.
O relatório também cita que o novo CEO do Bradesco, Marcelo
Noronha, é ex-presidente da Cielo. O BTG menciona ainda que a
oferta combinada para o fechamento de capital da Cielo foi estimada
em R$ 5,35 por ação, cerca de 6% acima do preço no fechamento de
ontem, e colocado como pontos de atenção o prêmio “pequeno” e o
valuation pouco exigente.
A recomendação é de compra para as ações, com preço-alvo de R$
5,50.
JPMorgan
A operação visa o cancelamento do registro da Cielo, que conta
atualmente com free float (ações em circulação no mercado) de
40,6%. Pelas regras da CVM, é necessário que 2/3 dos acionistas
desses aceitem a operação. Para o JPMorgan, provavelmente os
investidores minoritários exigirão preço mais alto, ainda que
reconheçam o valor de aquisição e serviços bancários integrados. O
preço apresenta “modesto prêmio de 6%”, na visão do banco
estrangeiro, em relação ao fechamento do papel na sessão de ontem,
em R$ 5,03.
Outro ponto destacado na análise do JPMorgan é a participação de
70% da Cielo na Cateno, enquanto o BB tem outros 30%, como um dos
motivos para a OPA.
“Acreditamos que a participação da Cielo na Cateno sozinha
valeria cerca de R$ 3,50 por ação a um múltiplo de cerca de 8 vezes
o múltiplo de P/L (preço sobre lucro). Não está claro para nós se
já há um acordo entre os bancos controladores sobre uma eventual
reorganização da estrutura Cateno/Cielo Brasil. Para Stone e
PagBank, uma reorganização da Cielo poderia significar mais
concorrência”, considera o JPMorgan.
Itaú BBA
O Itaú BBA considera que os termos serão discutidos a partir de
agora com os acionistas minoritários e que a movimentação apresenta
valor estratégico para os desenvolvimentos no setor. Em primeira
análise, o banco também destaca uma visão negativa para a
concorrência de outras adquirentes, caso da Stone, pois deve
acelerar a competição em pequenas e médias empresas (PMEs).
A expectativa é que o BB detenha 49,99% do capital e o Bradesco
fique com os 50,1% restantes. Apesar de os compradores serem os
controladores, levantando a possibilidade de conflitos de interesse
no fechamento de capital, a Genial acredita que a operação faz
sentido para o Banco do Brasil (BB), Bradesco e Cielo.
O cenário de adquirência passou por mudanças significativas, e a
perspectiva de um negócio consistentemente rentável é considerada
baixa. A corretora destaca que o Itaú, com a Rede, e o Santander,
com a Getnet, conseguiram integrar vendas cruzadas de produtos
bancários e adquirência de forma mais eficaz do que o Bradesco,
Banco do Brasil e Cielo.
Números do trimestre sem tanto brilho
Sobre o balanço em si (considerado fraco pelo JPMorgan), o
relatório destacou a queda no volume total de pagamentos (TPV, na
sigla em inglês) de 4% em relação ao ano anterior. As receitas
apresentaram estabilidade, em especial devido ao maior “mix” de
grandes contas, preço médio mais baixo (novos clientes a um preço
mais baixo em comparação com a base) e menor penetração automática
de pré-pagamento. Além disso, houve alguma perda de participação de
mercado na Cateno.
O Goldman Sachs avalia que a expansão da receita líquida foi
considerada sólida, mas parcialmente compensada por receitas com
pré-pago mais fracas e despesas mais pressionadas. Mesmo assim, a
análise destaca que os ganhos aumentaram 7% em relação ao trimestre
anterior, com expansão 4% superior às projeções do banco. Como
ponto negativo, o Goldman cita o custo de serviços superior às
expectativas e o aumento de despesas recorrentes. O aumento foi
principalmente devido à participação nos lucros mais elevada,
embora as despesas com salários e administrativas também tenham
aumentado no trimestre, de acordo com o banco.
O BBA considerou os números dentro do esperado, compensando
piores tendências dos últimos trimestres. Ainda que o balanço
mostre que a empresa segue perdendo participação de mercado, o
banco considera que a Cielo está “fechando a lacuna”. Os custos e
as despesas também foram destaque na análise, com a percepção de
que apresentaram crescimento mais rápido do que a receita.
Para a Genial, o resultado foi considerado em linha com as
expectativas do mercado, mas ofuscado pelo anúncio da oferta
pública.
Informações infomoney
CIELO ON (BOV:CIEL3)
Historical Stock Chart
From Aug 2024 to Sep 2024
CIELO ON (BOV:CIEL3)
Historical Stock Chart
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